domingo, 30 de agosto de 2009

Poderoso Timão "admiti"? Admitia!

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Antes de mais nada, esclareço: a) o erro já foi corrigido (em parte); b) não torço para time nenhum (na verdade, odeio futebol). A foto foi tirada com um celular, por isso a definição não está lá essas coisas.

Ao escrever, devemos prestar atenção na Desinência Verbal do verbo com que trabalhamos, pois algumas podem causar dúvidas e/ou induzir ao erro. Neste caso, o digitador assim deve ter pensado: "se nós admit{imos} e o verbo é admit{ir}, então *ele admit{i} - admiti-se". Por analogia, deve ter pensado nos verbos sair (ele sai), cair (ele cai), mas se esqueceu do dormir (ele dorme). Deixou a placa lá por uma semana (ou mais), até que alguém o avisou (provavelmente, um candidato à vaga, que, por sinal, não levou o emprego, pois a nova placa ainda está lá).

Voltando à referência do item a lá em cima, há um fenômeno cujo erro nem mais considera-se como aberração Linguística: a Voz Passiva Sintética, que causa uma confusão considerável em anúncios (principalmente).

Alguns estudiosos dizem que, na cabeça do falante, "Admite-se subgerente e vendedor" não tem nada de Voz Passiva. Ao contrário, essa partícula "se" é o Índice de Indeterminação do Sujeito e o complemento é um Objeto Direto. É até possível perguntar: "Admite-se o quê?" E a resposta: "Subgerente e vendedor".

Entretanto, para a Gramática Normativa (até o momento, a forma oficial), essa estrutura continua sendo considerada a tal da Voz Passiva Sintética. De acordo com essa linha de pensamento, o correto seria "Admitem-se subgerente e vendedor", pois estes dois são o Sujeito Composto da Oração: Subgerente e vendedor são admitidos.

Portanto, em caso de prova, concurso público, elaboração de memorando, cartas comercias e afins, lembre-se: é plural? Use a forma oficial.

- Darini

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Trair e coçar... é só começar

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Tempos atrás, peguei-me pensando nessa frase. Brincando com a ordem das orações, comecei a analisar suas relações e o uso da pontuação. Vamos ver no que pode dar:

São quatro orações:

Trair / e coçar / é / começar.

Há três verbos em forma nominal (infinitivo) que não podem ser Oração Principal. Portanto, resta-nos:

O1- trair: ?
O2- e coçar: Oração Coordenada Sindética Aditiva (em relação à O1)
O3- é: Oração Principal
O4- só começar: Oração Subordinada Substantiva Predicativa

Primeiramente, pensando na semântica dos elementos nesse período, achei existir uma conjunção elíptica (oculta) na frase. Vejamos:

a) (Para) trair e coçar é só começar.

Aqui, o "para" faz com que a Oração "(Para) trair" se torne uma Oração Subordinada Adverbial Final: "A fim de que se traia e coce, é só começar". Como houve inversão da Oração Principal com a Subordinada Final, a indicação é feita por vírgula:

Trair e coçar, é só começar.

Entretanto, seria uma "gambiarra" colocar essa conjunção "para" aí. Fazendo a inversão nas Orações (sem ela), teríamos:

b) É só começar a trair e coçar.

Aqui, a conjunção a é necessária sintaticamente - a regência de "começar" exige.

O1 - É: Oração Principal
O2 - só começar:
Oração Subordinada Substantiva Predicativa
O3 - a trair: Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta
O4 - e coçar: Oração Coordenada Sindética Aditiva (em relação à O3)

Acontece que, semanticamente, as duas estruturas diferem, pois, na frase original, o sentido de finalidade fica explícito. Já no exemplo b, "trair e coçar" mais parecem ser complementos do verbo começar (a), o que não é inteiramente verdade na sentença original. Dada essa diferença semântica entre as orações, quando as colocamos em ordens distintas, podemos deduzir que, embora relacionadas, são partes de discursos diferentes. Não se pode mudá-las de posição, pois perde-se o sentido inicial. Portanto, a melhor forma de pontuar essa frase seria:

Trair e coçar... é só começar.

Com reticências, pois são períodos de discursos diferentes, mesmo que ligados semanticamente pelo contexto. Mantivemos a ordem, os elementos, a coesão e a semântica.

- Darini

domingo, 23 de agosto de 2009

Pyongyang - Livro de Guy Delisle

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Mesmo não sendo fã de quadrinhos, surpreendi-me positivamente com um livro chamado "Pyongyang", do canadense Guy Delisle. Nesta obra, cujo título é o nome da capital da Coreia do Norte, o autor relata suas aventuras e experiências nos dois meses em que viveu naquele país. Para isso, mistura humor, crítica e poesia (o final é surpreendente) em relatos que nos fazem viver com ele situações nada ortodoxas no país "mais fechado do mundo".

A forma como são mostrados os "guetos" e lugares frequentados pelos estrangeiros são outro ponto forte da obra, pois mostra como estes acabam vivendo num mundo paralelo àquele dos nativos (e vice-versa). Embora se trate de uma verdadeira descrição da sociedade norte-coreana (sim, com hífen), Delisle não deixa de expor claramente seus pensamentos a respeito do que vê. Diz ele:

"Na verdade, eles vivem num estado de constante paradoxo, onde a verdade é tudo menos imutável."


Diz "constante paradoxo", pois veem e sentem a forma como o governo os trata, mas nada podem fazer; ao contrário, vivem um eterno estado de cegueira utópica, como na parte em que Guy pergunta a seu guia e intérprete o que era aquela imensa construção que avistam durante um passeio a pé e este finge não saber do que se trata. Aquele que seria o mais alto hotel da Ásia, construído em 1988 para acolher os atletas das Olimpíadas de Seul, nunca foi terminado. São 105 andares que passam despercebidos aos norte-coreanos, que parecem não poder vê-lo. Da mesma forma, os maiores sucessos musicais do país são os hinos ao Kim Il-sung e Kim Jong-il, respectivamente o fundador e o herdeiro de sua ditadura proletária.

Em suma, Pyongyang é um livro que merece ser lido, independente da visão política do leitor. Seu enredo é objetivo (destaque para o bom trabalho de tradução feito), ironia e críticas feitas no tom certo, saindo dos lugares-comuns a que somos submetidos, quando nos deparamos com esses temas. Uma bela obra de arte.

- Darini

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A Vírgula nas Orações Subordinadas Adverbiais Temporais

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Este pequeno artigo visa fazer uma análise do uso da vírgula nas Orações Subordinadas Adverbiais Temporais em matérias jornalísticas retiradas da mídia digital (internet). Para a análise, será usada a teoria conforme Fernandes Jr. (2007).

Será definida como Oração Subordinada Adverbial Temporal (OSAT) aquela cujo fato refletido for a resposta para a pergunta “quando?” aplicada ao verbo da Oração Principal. Um “fato” é um sistema de relações entre seres. O tempo, o lugar e o comportamento são seres na composição dos fatos.

Conforme Fernandes Jr. (2007), usa-se a vírgula, que é um sinal gráfico aplicado nas estruturas morfossintática, sintagmática e sintática para demarcar o início de uma Oração Subordinada Adverbial Temporal.

Na seção “Mundo” do site Folha Online, de 03/11/2008, em matéria intitulada “Uribe chama de cúmplice das Farc o diretor da ONG Human Rights Watch”, encontra-se a seguinte passagem (aqui, já com os verbos sublinhados e os Períodos divididos):

Uribe acusou o ativista chileno durante uma reunião com indígenas / que protestam desde o dia 14 de setembro, / quando denunciaram violações de direitos humanos pela força pública, / a qual acusam de assassinar três nativos durante as manifestações.

Para uma melhor análise, convém dividir a Oração da seguinte forma:

Oração Principal: Uribe acusou o ativista chileno durante uma reunião com indígenas.
Oração Subordinada Adjetiva: que protestam desde o dia 14 de setembro.
Oração Subordinada Adverbial Temporal: quando denunciaram violações de direitos humanos pela força pública.
Oração Subordinada Adjetiva: a qual acusam de assassinar três nativos durante as manifestações.

Neste caso, pode-se notar a incidência da vírgula indicando o início de uma OSAT. Entretanto, o mesmo não acontece no caso a seguir, retirado da página de notícias do UOL (Universo On-line), em análise de 03/11/2008 intitulada “ Como Obama passou de azarão a favorito”: “Barack Obama era um azarão na disputa presidencial / quando lançou sua candidatura na escadaria do capitólio de Illinois, num dia gélido de fevereiro de 2007.

Oração Principal: Barack Obama era um azarão na disputa presidencial.
Oração Subordinada Adverbial Temporal: quando lançou sua candidatura na escadaria do capitólio de Illinois, num dia gélido de fevereiro de 2007.

Há, neste caso, uma mudança na “regra” usada pela autora do texto: a Oração Subordinada Adverbial Temporal não tem seu início indicado pela vírgula, mas o Adjunto Adverbial “num dia gélido de fevereiro de 2007” leva, mesmo não sendo necessário.

Na seção “podcasts” do Folha Online, em matéria de 03/11/2008 intitulada “Mercado já esperava fusão do Unibanco; ouça economista”, encontra-se: “O professor explica / que a credibilidade do Unibanco foi abalada, na semana passada, / quando sua ação ficou entre R$ 4 e R$ 5.

Oração Principal: O professor explica.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: a credibilidade do Unibanco foi abalada, na semana passada.
Oração Subordinada Adverbial Temporal: quando sua ação ficou entre R$ 4 e R$ 5.

Houve, portanto, o uso da vírgula para indicar o início da OSAT, mas, por outro lado, é desnecessário o uso desta para indicar o início do Adjunto Adverbial “na semana passada”, em “a credibilidade do Unibanco foi abalada, na semana passada.” Nota-se, nestes dois últimos casos, a preocupação do autor do texto quanto à oralidade, ou seja, as vírgulas são usadas para indicar possíveis “pausas” na leitura.

Na mídia em geral, serão inúmeros os exemplos de um uso não-lógico (ilógico?) da vírgula. Seja pela obediência a "manuais de estilo", seja pela oralidade, seja por desconhecimento, o fato é que mesmo aqueles que deveriam ensinar esse assunto nas universidades não o fazem.

- Darini

Bibliografia:

- FERNANDES JR. A. Dialética da Língua Portuguesa. 1ª ed. São Paulo: LivroPronto, 2007.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Revolução das Palavras

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- Abaixo as nomenclaturas! - Disse o e.
- Apoiado! - grita o quando.
- Chega da ditadura dos gramáticos! - responde o talvez.

Fazia algum tempo que as palavras haviam se reunido para deflagar uma guerra contra as denominações. Queriam ser apenas palavras e nada mais. No meio da revolta, o fui protesta:

- Vejam meu caso, por exemplo: alguns dizem que sou a primeira pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo do verbo ser; outras, por outro lado, dizem que sou a primeira pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo do verbo ir. E agora, o que sou realmente?

- Isso não é nada. - disse o e. Não sei se sou vogal, se sou uma conjução... alguns dizem que devo trabalhar na Oração Coordenada Sindética Aditiva; outros, que, às vezes, posso ficar na Oração Coordenada Sindética Adversativa. Isso, quando não apareço no meio de uma Oração Subordinada Adverbial Causal ou Final. E a vírgula? A vírgula! Ninguém a quer perto de mim! Não sei quem inventou que não posso ser acompanhado por uma bela e jovem vírgula. Querem me vez sozinho, é isso? Gente... tenho sentimentos, faço terapia há tempos... e... e...

O e se retira, chorando como uma criança faminta. Nisso, o que toma a palavra:

- Não creio que o e tenha mais problemas do que eu... posso aparecer numa oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta, Objetiva Indireta, Oração Subordinada Adjetiva... milhares de alunos me odeiam, e sabem por quê? Não sabem quem eu sou! Nem eu sei quem sou! Às vezes, vem o o me fazer companhia; por outras, vem outra preposição ou artigo. Já estou começando a ficar falado na minha vizinhança. É triste isso...

- Pior sou eu! Todos já esqueceram de mim! - grita o cujo - eu sou o genitivo do que, fiquem sabendo! O genitivo!

- Onde estão os quadrigêmeos? - pergunta o para.

- Aqui! Aqui! Aqui! Aqui! - respondem o por que, porque, por quê e porquê.

- Viram só o que fizeram com a gente? Separaram-nos! - disse o por que.
- É muito ruim quando um de nós é apagado para dar lugar a outro! - complementa o porque.
- Nem me diga... às vezes, o caderno fica todo manchado bem na parte em que tentam nos escrever! - protesta o por quê.
- Se fôssemos um só, poderíamos ser bem mais fortes! Vamos ficar unidos! - grita o porquê.

- Só há uma coisa a ser feita! - resolve o quando, líder das palavras - A greve!

- GREVE! - gritam todas as palavras (inclusive a palavra greve, que, naquele momento, sente-se como se não fosse um estrangeirismo).

Daquele dia em diante, não houve mais palavras impressas. Tudo o que era escrito num papel, num computador ou em qualquer outro lugar se apagava em seguida. As gramáticas ficaram vazias: eram apenas páginas em branco. Os jornais não traziam mais nenhuma informação e os noticiários mostravam tímidos e inseguros âncoras tentando falar sobre uma notícia. Em pouco tempo, não houve mais projetos de engenharia, pois os números estavam lá, mas as palavras que indicavam os procedimentos haviam sumido. O mesmo aconteceu com os manuais de instrução, com as bíblias, revistas, livros... tudo havia desaparecido.

A sociedade entrou em polvorosa; os gramáticos e linguistas também. Os advogados, então, nem se fala... contratos e testamentos, agora, estavam em branco. Famílias brigavam entre si e sócios desfaziam seus negócios. Brigas e tumultos eram comuns. Ninguém mais sabia para onde era aquele ônibus. Cansado de gritar o nome do destino final, o motorista apenas passava direto. As declarações de guerra também foram apagadas. Em alguns casos, apenas para zombaria, as letras se misturavam, formando conexões semânticas nada agradáveis àqueles que as liam. As pichações (sim, acredite, aquilo que vemos nas paredes são letras e palavras) também sumiram, para a alegria de seus proprietários. Menos para um, que já havia comprado a tinta para limpar aquela sujeira. Será que a loja aceita devolução?

O tempo passou, e as pessoas desaprenderam a escrever. Isso começou a ser fator de preocupação por parte dos rebeldes:

- Se esquecerem como se escreve, o que será de nós? - interrogou a interrogação.
- Seremos extintos! - exclamou a exclamação.
- Que vida cruel... - concluíram, reticentes, as reticências.

- O jeito é voltar! - resolve o quando - estão todos de acordo?
- Sim! De acordo! - concordam todos.

Entretanto, as letras voltaram com tanta pressa àquelas que deveriam ser suas posições, que muitas palavras ficaram embaralhadas:

"A vdai é coom um vlior: snó mosos os psstarotgonia e o nlafi ad ahóirsit ededpen de nassso çasõe."

- Darini

sábado, 8 de agosto de 2009

Darini cafaJeste

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Outro dia, conversando com uma grande amiga pelo MSN, fui enfático ao dizer-lhe:

"Acredite em mim... não sou cafaGeste."

Ela, de prontidão, corrigiu-me:

"CafaJeste!"

Ri muito do acontecido (não me importo que me corrijam; ao contrário, adoro quando isso acontece), e relatei-lhe um fato curioso: uma vez, dando curso de Leitura Instrumental, escrevi "licenSa" tranquilamente na lousa. Ao ser alertado sobre meu erro, corrigi-o, claro, e imaginei os fatores que nos levam a erros ortográficos.

No caso de "licensa", é culpa dos videogames de minha infância / adolescência, pois não era raro ver a expressão "Licensed by...", ou seja, "Licenciado por...", bem como "Produced under license of...", que significa "Produzido sob licença de..." Portanto, como não saía da frente daqueles joguinhos, a forma em Inglês me fez imaginar assim aquela em Português. Nem lembrei do sufixo {ença}, que significa "ação", e faz parte da palavra. Inventei, no lugar, o *{ensa}, que não significa nada!

Já em "cafaGeste", foi chute e ignorância minha mesmo. Curioso que sou, fui tentar achar a Raiz dessa belezinha de palavra, quando, para minha surpresa, dei com os burros n'água. Fui até o Dicionário Etimológico do A.G. Cunha, onde li ser essa uma palavra com registro dos fins do século XIX e de origem controversa! Isso faz com que "cafajeste" entre na minha lista das "Raízes a serem procuradas".

A cafajestagem merece isso. Ou não.

- Darini

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

As Raízes Linguísticas e a Literatura

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Consideremos a história de um determinado povo. Depois, coloquemo-na na mente de um poeta ou escritor. Nasce a Literatura. Não caberá, aqui, falar pormenorizadamente de Gêneros Literários ou (ainda menos) fazer a Análise Literária de alguma obra. O que nos interessa, ao trabalharmos com a Morfologia aplicada na Literatura, é a observação de como as Raízes e seus valores Semânticos são apresentados.

É necessário ressaltar alguns exemplos que mostram como o poder da Palavra (em nosso caso, da Raiz) é importante no papel que os personagens desempenharão, mesmo que de forma implícita.

Raiz - *{DERK} (i.e.) > {DRAC} (grego) = serpente alada

Algumas Ocorrências:

Idioma

Palavra

raiz(is)

Sufixo

VT

Alemão

Drache

{drach}


{e}

Inglês

Dragon

{drag}

{on}


Holandês

Draak

{draak}



Norueguês

Drake

{drak}


{e}

Sueco

Drake

{drak}


{e}

Português

Dragão

{drag}

{ão}


Francês

Dragon

{drag}

{on}


Pelo Germânico Antigo *drako, proveniente do Indo-Europeu *{derk}. Presente nos contos mitológicos de várias culturas ancestrais, podemos notar a transformação por metátase (*{derk} > *{drek} > {drac}) nos principais idiomas modernos derivados do i.e., sejam Germânicos, como listados acima, sejam os Neolatinos: Dragon (Francês); Dragone (Italiano); Dragón (Espanhol) – todos vindos do Latim: Draco.

Raiz - *{KAILO} > {HAG}

Algumas Ocorrências:

Idioma

Palavra

raiz(is)

Sufixo

Anglo-Saxão

Halig

{hal}

{ig}

Alemão

Heilig

{heil}

{ig}

Inglês

Holy

{ho}

{ly}

Holandês

Heilig

{heil}

{ig}

Norueguês

Hellig

{hell}

{ig}

Sueco

Helig

{hel}

{ig}

Significado: Santo
Raízes: {HAG} (grego) = santo; *{KAILO} (i.e.)

Mais uma Raiz muito comum nas línguas Germânicas, {hag} também aparece de forma interessante no Gótico: háuheins significa louvar e háuhjan significa glorificar. Um exemplo interessante que já ocorria no Alemão Antigo é o nome próprio Hagen, retirado da primeira epopéia germânica, chamada “A Canção dos Nibelungos”. Embora seja o vilão da história, não seria de se estranhar que se tratasse mesmo da raiz {hag} = santo, pois sua lealdade à rainha protagonista da trama o leva à morte.

Aqui, temos mais dois exemplos de nomes próprios retirados da “A Canção dos Nibelungos”. São eles:

Raiz a - *{PERD} > {PRI} > {FRI}

Raiz b - *{SEG} > {SI} > {SIEG}

Idioma

Palavra

raiz(is)

Sufixo

VT

Alemão Antigo

Sifride

{si}; {frid}

Não há

{e}

Alemão Moderno

Siegfried

{sieg}; {fried}

Não há

não há

Significado: trata-se de um nome próprio

Aqui, há uma clara aglutinação de duas Raízes, a saber:

Raízes: {SIEG} (alemão) = vitória; {FRI} < {PRI} (latim / grego) = quebrar. Vemos, a princípio, a metátase em *{perd} (i.e.) > {pri} e, em seguida, há um efeito consonantal inicial em {pri} > {fri}. Há também a perda da Vogal Temática, por assimilação, da palavra Sifride, quando passada do Alemão Antigo para o Alemão Moderno. Quanto aa raiz *{seg}, a mudança de e para i ocorre já no Gótico *sigus e no Anglo-Saxão sig, provavelmente por influência de uma vogal fechada final.

Raiz - {BRUN}:

Idioma

Palavra

Raiz

Sufixo

VT

Alemão Antigo

Prvnnhilde

{prvn}; {hild}

não há

{e}

Alemão Moderno

Brunhild

{brun}; {hild}

não há

{e}

Significado: trata-se de um nome próprio
Raiz: {BRUN} (francês) = louro

É muito interessante a preocupação semântica dos nomes pelo autor da trama. Nela, Siegfried tem claras as características do herói: disposto a conquistar a bela Kriemhild, vai ao reino dos burgúndios, na cidade de Worms, ameaçando os regentes de tomar-lhes os domínios. Com o passar da trama, contudo, Siegfried parece desistir da idéia e acaba tornando-se aliado de Gunther, o rei burgúndio (também pelo fato de que a irmã deste agradava ao jovem herói). Com a ajuda de Siegfried, o soberano consegue vencer os saxões e os dinamarqueses, além de conquistar a poderosa Brunhild rainha da Islândia.

Dono de uma força extraordinária, Siegfried tem um único ponto fraco: uma pequena região nas costas, pela qual é morto por Hagen. A morte do guerreiro invencível (Siegfried) nos remete às raízes de seu nome: “a quebra da vitória”; a derrota daquele que sempre vencia.
Por outro lado, o BRUN (francês, que significa “louro”) é a descrição física padrão de uma rainha nórdica: a branca de olhos azuis com cabelos loiros. Vimos, nesses pequenos exemplos, a preocupação literária de quem escreveu a epopéia, ligando o valor semântico da palavra às características dos personagens.

- Darini