quinta-feira, 25 de junho de 2009

A culpa é do professor!

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- A culpa é do professor! - diz a indignada mãe.
- Ele é o culpado! - diz a mãe e o juiz.
- Tranquem-nos nos calabouços! - diz a mãe, o juiz e o jornalista.
- A culpa é deles! - gritam os leitores dos jornais.
- Isso tem de mudar. Fiz um projeto de lei... - promove-se o "nobre" deputado, pouco antes da próxima maracutaia.
- Vamos fazer greve! - comemoram os alunos.

Assim, acaba o dia. A mãe vai para casa assistir novela, o juiz vai para um caro restaurante (com carro oficial) comer de graça, pois dá sua carteirada, o jornalista vai fazer o resumão das fofocas semanais sobre celebridades, os leitores vão consumir essas fofocas, os deputados vão fazer suas mazelas e os alunos...

Ah, os alunos... vão continuar culpando o professor...

- Darini

terça-feira, 23 de junho de 2009

Um pedido inesperado...

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ACM: Por favor, traz o Sarney pra cá, tem como, meu rei? Eu me sinto tão sozinho...

Capeta: Não dá! Tá ficando louco? Já falei pra você fazer amizade com o Roberto Marinho.

ACM: Você é que tá doido! Não vou me juntar àquele cara, não!

Capeta: Olha aqui: já tem gente demais querendo mandar nessas profundezas. Não preciso de mais um coronel nesse exército.

ACM: Mas eu divido minhas coisas com ele... juro!

Capeta: Já disse que não! Ainda preciso ver espaço pra um monte de gente que tá na fila de espera: Fidel, Maluf, Bush pai, Bush filho... o Sérgio Naya ficou de me entregar o projeto do puxadinho, mas, até agora, nada!

ACM: Quanto você quer para trazer ele pra cá?

Capeta: Como assim?

ACM: Eu pago o que você quiser pra trazer o Sarney pra cá!

Capeta: HAHAHA! Seu dinheiro não vale nada aqui.

ACM: Hmmm... então, tem como trazer o David Gilmour do Pink Floyd? Ia bem um sonzinho aqui... algo psicodélico...

Capeta: Não dá. Ele é ateu. Ateus não vêm pro inferno.

ACM: Não? Pra onde vão?

Capeta: Pro paraíso.

ACM: O quê? Não tem algo de errado com isso? Eu sempre acreditei em deus!

Capeta: A ideia é essa! O povo que, em vida, só acreditava vendo, vai ver depois de morto. Os que já acreditavam... não precisam ser convencidos. Fora isso, convenhamos: você, ACM, queria ir pro céu? Faz-me rir!

ACM: Quer dizer que o Fernando Henrique vai pro céu?

Capeta: Vai.

ACM: E o Lula?

Capeta: Ah, esse tá no meio de uma discussão lascada. O paraíso quer mandá-lo pra mim, mas eu não quero esse cara por aqui, não. Deve ficar por lá um bom tempo, até que se resolva o impasse. Imagina só: "nunca antes na história desse inferno..."

ACM: Espera um minuto: você disse que o Fidel vai vir pra cá, mas ele não é ateu?

Capeta: Sim, mas ele é comunista. E todo comunista vem pro inferno, acredite em mim...

- Darini

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Os narradores de “Dois Irmãos” e “O Apanhador no Campo de Centeio”

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Em “O Apanhador no Campo de Centeio”, o escritor norte-americano J.D. Salinger nos conta a peregrinação de Holden Caulfield, um adolescente burguês dos anos 40/50 que é expulso do notório colégio Pencey (o último dentre outros de que já havia saído) e tenta esconder esse fato de seus pais, adiando sua chegada em casa. Na verdade, esse “adiamento” de seu retorno ao lar é que causa toda a peripécia da história e os conflitos vividos por Holden nesse difícil e conturbado período da vida humana.

Já em “Dois Irmãos”, de Milton Hatoum, Nael é pobre e filho da empregada da família, Domingas, e desconhece quem seja seu pai. No entanto, a trama acontece no mesmo período do Apanhador (anos 40/50).

Em relação aos ambientes vividos pelos narradores, o primeiro mostra a cidade de Nova Iorque sempre de acordo com seu ponto de vista; já em Dois Irmãos, o narrador faz uma detalhada descrição de Manaus, sua cidade natal, mas, embora viva “in loco” a maior parte das tramas, outra lhe era contada por Halim ou por Domingas. De certa forma, podemos dizer que, nesta trama, toda a história é contada a partir do ponto de vista do narrador, já que ele reproduz o que ouviu de outros, dando a sua versão e seu entendimento dos fatos.

A perda de identidade é distinta, mas presente em cada obra: em “O Apanhador no Campo de Centeio”, o protagonista-narrador procura sua identidade pessoal, psicológica. Ele faz o tipo “adolescente rebelde” ou “rebelde sem causa”, mesmo sendo de uma família de posses. O problema de Holden é a conflituosa relação dele com o mundo e tempo em que vive: ele não se identifica com nenhum outro tipo de personagem a não ser com sua irmã mais nova, Phoebe (podendo representar a inocência) e com um irmão já falecido, de quem guarda muitas saudades (Allie). Neste caso, a identificação pode se dar por causa do sentimento da perda do ente querido, pois o ser humano tende a guardar apenas as boas memórias daqueles que já se foram. Uma das partes mais bonitas e tocantes do livro é aquela em que Holden tem medo de atravessar a rua, pois imaginava-se caindo antes de chegar ao outro lado. Então, dizia ao irmão: “Allie, não me deixa desaparecer” e, ao cumprir sua meta, agradecia-o.

A busca da identidade dentro de si mesmo, a repulsa dos padrões desse mundo e a identificação pela inocência pode ser vista na cena em que o jovem imagina-se num enorme campo de centeio, com milhares de crianças correndo, e sua missão seria a de não deixá-los cair no abismo. Ele seria “O Apanhador no Campo de Centeio”, aquilo que realmente queria fazer na vida. Podemos ver essa “cena” como uma metáfora para o que ele buscava: a liberdade.

Já em “Dois Irmãos”, Nael busca sua identidade cultural e genealógica: sabe apenas quem é sua mãe, mas tem dúvidas em relação à paternidade. Embora ele (e o leitor) possam acreditar 98% que Omar seja seu pai por conta da violência cometida contra a empregada, ainda nos resta uma sombra de dúvida antes de afirmarmos com certeza de quem ele descende.

Uma coisa chega mais perto aos 100% de certeza: sua origem é uma mistura indígena e árabe, uma vez que os principais “suspeitos” são os da família de Halim. Mesmo que não houvesse essa dúvida em relação à paternidade ser de um dos três, podemos afirmar categoricamente que a cultura a que Nael foi submetido foi uma mistura das supracitadas, uma vez que ele conviveu nesse meio. O ambiente (Manaus) influenciou na cultura do imigrante (árabe) e essa influência será passada àqueles que convivem nesse meio.

Assim como Holden procurava a liberdade, Nael também o faz. Uma vez que a descoberta de sua paternidade se encerra e, se fosse ele um membro daquela família, sua condição de empregado se elevaria à de membro da família, além de que a descoberta lhe traria liberdade espiritual e psicológica, uma vez que a maior dúvida, o segredo que mais lhe intrigava, estaria solucionada.

Ao final da trama (mais especificamente nas duas últimas páginas), o narrador parece ter “canalizado” seus sentimentos para que a liberdade viesse de outra forma: no encontro final deste com Omar, não há diálogo: ambos apenas se encaram, até que o segundo vai embora. Esse silêncio de ambos, principalmente por parte de Nael, pode significar que ele deixou de querer saber a verdade, pois esta poderia lhe trazer mais sofrimento do que a dúvida, pois certos de que Nael e Omar não se gostavam, a certeza da condição pai e filho entre eles poderia resultar num desfecho mais trágico entre os dois; portanto, a eterna incerteza da verdade era o sinal de sua liberdade.

- Darini

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O "chocante" empalamento

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Dando uma olhada em reportagem da Folha de São Paulo, notei que mais um livro didático teve de ser recolhido, desta vez no Rio de Janeiro, pois seu conteúdo foi considerado "inadequado" para a faixa etária a que era destinado. O motivo? Continha uma gravura de empalamento. Mas, antes, vamos analisar morfologicamente a palavra empalamento:

Prefixo: {em} = dentro
Raiz: {pal} = instrumento de madeira ou ferro.
Sufixo: {am} = efeito da ação; {ento} = aumento

Traduzindo: é o aumento do efeito da ação de um instrumento de madeira ou ferro dentro. Ai! Isso deve doer!

Mas é isso mesmo: empalamento é aquela técnica de tortura que consiste em transpassar uma vara de madeira desde o ânus até a boca de um condenado. Várias civilizações antigas a utilizavam e, provavelmente, a figura mais ilustre a adotá-la foi o conde romeno Vlad III (nosso querido Drácula).

Entretanto, não é a isso que quero me ater. Juro que não entendo essa facilidade com que "imprensa" (mais essa, talvez) e "sociedade" ficam tão chocadas com certas coisas. Ligue a televisão, veja um filme que esteja passando às 8 ou 9 horas da noite. A probabilidade de se achar violência gratuita (entre tiros, sangue e guerras) em filmes é grande. Nem vou citar a meia-dúzia de programas sensacionalistas que mostram "a realidade". Tudo ali, ao alcance de um botão do controle-remoto. Depois, ligue na novela, mas não se assuste, se seu filho de 10-12 anos fizer algum comentário do tipo: "nossa... como eles trepam mal".

E é o empalamento que os choca! Rá, rá, rá!

- Darini

sábado, 6 de junho de 2009

MUTO

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Interessante:

http://www.blublu.org/sito/video/muto.htm

O cara faz animações em paredes "engrafitadas". É isso que devemos chamar de arte urbana.

Juro que queria ter o dom do desenho e da pintura (mal e porcamente, tenho o da escrita... e olha lá).

Vendo esse vídeo, dá pra sentir a solidão e o caos da metrópole (seja ela qual for). Muito bom.

- Darini