sexta-feira, 10 de abril de 2009

Eurico, o Presbítero - Análise do Foco Narrativo

EURICO, O PRESBÍTERO
ANÁLISE DO FOCO NARRATIVO

Tipo de Narrador:

Em Eurico, o narrador é onisciente intruso, isto é, o ele sabe tudo sobre o personagem: suas ações, pensamentos e sentimentos. Nessa obra, podemos destacar as seguintes passagens que comprovam essa dedução:


O Narrador sabe dos fazeres e do passado do personagem Eurico:


Capítulo 2:

“O presbítero Eurico era o pastor da pobre paróquia de Cartéia. Descendente de uma antiga família bárbara, gardingo na corte de Witiza, depois de Ter sido tiufado ou milenário do exército visigodo, vivera os ligeiros dias da mocidade no meio dos deleites da opulenta Toletum. Rico, poderoso, gentil, o amor viera, apesar disso, quebrar a cadeia brilhante da sua felicidade. Namorado de Hermengarda, filha de Fávila, duque de Cantábria, e irmão do valoroso e depois tão célebre Pelágio, o seu amor fora infeliz.”

O Narrador relata os sentimentos de Eurico por causa da desilusão amorosa:

Capítulo 2:

“A melancolia que o devorava, consumindo-lhe as forças, fê-lo cair em longa e perigosa enfermidade, e, quando a energia de uma constituição vigorosa o arrancou das bordas do túmulo, semelhante ao anjo rebelde, os toques belos e puros do seu gesto formoso e varonil transpareciam-lhe a custo através do véu de muda tristeza que lhe entenebrecia a fronte. O cedro pendia fulminado pelo fogo do céu.”

É o narrador quem revela, pela primeira vez, a existência do Cavaleiro Negro:

Capítulo 10:

“Neste momento, por uma das pontes já desertas lançadas na noite antecedente sobre o Chrissus soava um correr de cavalo à rédea solta. Alguns soldados que andavam mais perto da margem volveram para lá os olhos. Um cavaleiro d’estranho aspecto era o que assim corria. Vinha todo coberto de negro: negros o elmo, a couraça e o saio; o próprio ginete murzelo: lança, não a trazia.”

O narrador fala dos sentimentos de Hermengarda pouco antes desta perceber que era Eurico quem estava com ela:

Capítulo 18:

“E aqui, deixando pender a cabeça sobre o peito, pareceu voltar ao sentimento da realidade; mas aquela espécie de terror febril que lhe haviam gerado no espírito os transes, qual mais doloroso, porque sucessivamente passara, tornou-se a apossar-se dela. Favoreciam-no o lugar, a hora, o silêncio. Hermengarda alevantou de novo os olhos desvairados e, firmando-se no rochedo, tentava erguer-se.”

Voz do Narrador

Em sua maior parte, a voz do narrador em Eurico é em terceira pessoa, isto é, os verbos e pronomes são colocados concordando com a 3ª pessoa gramatical. Isso significa que o narrador não participa da história, pois se assim o fosse, ele se incluiria nos fatos e teríamos a colocação dos verbos e dos pronomes em 1ª pessoa também. Dentre vários exemplos no livro, podemos destacar o seguinte trecho como sendo o de terceira pessoa:

Capítulo 18:

“Mas quando Eurico se lembrou de que, porventura, isto era sonho; de que podia ser que essa alma não passasse na vida tão vazia e solitária como ele julgava, e que esse coração, que poucas horas antes pulsara tão perto do seu, batia, por acaso, por outrem, sentiu o suor frio manar-lhe da fronte.”

- Darini

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