segunda-feira, 23 de agosto de 2010

À derradeira namorada

***

Morte, morte...

Quero sentir sua mão em meu rosto,
como uma leve brisa matinal que, bem de leve,
balança as folhas das árvores.

Quero sentir seu beijo como um raio de luar
que bate em minha pálida face.

Quero sentir seu corpo como
o perfume das flores postas sobre meu
gélido ser.

Quero dormir como se dormiria numa noite sem fim,
sem estrelas e sem luar.
Hibernação eterna.

Morte, morte...

Quero viajar rumo ao nada. Que este pedaço
de carne se desfaça...
que não deixe vestígios. Nem pó.

Quero desfrutar de seus segredos...
e só você saberá dos meus, minha fiel
confidente e ouvinte.

Que teu sopro final me dê e
me tome a última fagulha de prazer.

Que teu abraço cadavérico me traga o
definitivo sentimento de paz.

Amém.


- Darini

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