***
Basta um rápido passeio em qualquer livraria, e podemos notar: atualmente, existe uma incrível diversidade literária disponível aos leitores. Todos os gostos parecem estar refletidos nas intermináveis prateleiras, muitas delas com títulos a preços promocionais do tipo "só não leva quem não quer".
Entretanto, se pensarmos nos temas dessas obras, teremos meia-dúzia de categorias em que podemos inseri-las:
- Autoajuda: é, provavelmente, o câncer literário dos dias atuais. Porta sempre o mesmo discurso genérico e vazio ("Siga em frente!", "Busque seu sonho!", "Não desanime!" etc). Geralmente, o autor do livro de autoajuda é aquele camarada que vai na sua empresa fazer aquela meia-dúzia de dinâmicas estranhas, fala o que você quer ouvir, faz o comercial dele e pronto. No dia seguinte, você percebe que nada do que ele disse é tão prático como se imaginava.
- Manuais: É manual para ser um bom pai, para ser uma boa mãe, para ser um bom empregado, para ser um bom chefe, para ser um bom irmão, para se conformar com a vida, com o marido, com a briga de trânsito, com o chifre... tudo é colocado de uma maneira que faz com que pensemos serem todas as situações iguais. Você não é ninguém sem ler um desses, será um ser-humano melhor se ler um desses (faz-me rir...).
- Leituras corporativas em geral: poderiam até ser enquadradas na categoria "Manuais", mas conseguem disfarçar e se distinguir desta. Coisas como "relacionamento humano nas organizações", "dinâmicas de grupo" e afins são abordados aqui. Aliás, o que está acontecendo com as terminologias? Empresa virou "organização", empregado virou "associado" ou "colaborador"; "caso" anglicizou-se e virou "case"...
- Animais: Na onda de "Marley & eu", encontramos uma avalanche de livros sobre animais e seu relacionamento com os donos. Coisas do tipo: "Meu cachorro e eu", "Minha coruja e eu", "Meu papagaio e eu", "Minha sogra e eu", "Minha perereca e eu" são obras comuns nas prateleiras. Certamente, seu animal preferido já está protagonizando algum romance; se ainda não estiver, é tudo uma questão de tempo.
- II Guerra Mundial: Outras dúzias de títulos do tipo "A Biblioteca Secreta de Hitler", "A Cozinha Maravilhosa de Mussolini", "Como matar um duce" e outros. Nesse caso, podemos considerar o tema "Sociedades Secretas" como uma subcategoria (ou esta daquela, vai saber).
- Romances religiosos em geral: Também há uma infinidade, do tipo "Jesus, Da Vinci e Dan Brown: O Enigma da Brown GP", "Os filhos de Maria Madalena (ditado pelo Anjo Gabriel), "O ateu reencarnado" etc.
Embora eu esteja tentando ser irônico nesta postagem, o que procuro questionar é: esse tipo de literatura realmente leva o leitor a refletir, a pensar, a analisar o meio e mundo onde vive? Faz o cara raciocinar? Sim, eu sei que pode haver um pouco de entretenimento nas artes da escrita, mas parece que estamos pendendo totalmente para o lado da alienação. De que me adianta saber sobre "O dia-a-dia dos 100 maiores empreendedores do mundo", se são pessoas diferentes, que viveram situações diferentes? Quando o recém-nascido chorar, os pais de primeira viagem terão de ver no manual como proceder? E se não estiver lá?
Sempre achei que a Literatura fosse "a História contada pelas palavras da Arte". História, aqui, é a disciplina mesmo.
Isso colocado, meu medo é alguém dizer: para uma sociedadezinha tão ordinária como a nossa, esses livros estão de bom tamanho.
Não duvido.
- Darini
sábado, 26 de setembro de 2009
domingo, 20 de setembro de 2009
Um conto de meu "Liber Mortis"
***
Abaixo, segue um conto (sem título) de meu Liber Mortis:
O profeta olhou no fundo dos meus olhos, deu um suspiro e começou a chorar copiosamente. Cada lágrima derrubada por ele era como se uma lança acertasse meu coração. Ele parecia saber dos males que eu causava.
Procurei afastar-me por um tempo, fui para o alto da colina e meditei... estranhas imagens oníricas se mostravam em minha mente: pessoas que passaram por minha vida reapareciam... tudo de uma forma tão confusa...
Deitei, dormi, sonhei, sofri e acordei. Voltei e não mais encontrei o profeta. Onde será que ele se escondeu? Por que fez isso comigo?
Fui em diração à floresta, onde pude sentir a energia dos galhos e folhas balançando ao vento, assim como aquela vinda do canto dos pássaros e pureza do rio.
Continuei andando, seguindo a trilha que levava à caverna. No meio do caminho havia uma bifurcação que daria ao vilarejo. Preferi a primeira opção.
Olhei para o céu e vi uma solitária nuvem passeando feliz pelo azul... formosa nuvem, ofuscava até o Sol! Beleza passeando pelo infinito.
Infinito? Quem disse? Quem prova que todo o Universo não é um grão de areia, parte de um mundo muito maior? Intrigante como o homem tenta entender o universo, mas não consegue compreender a si mesmo.
A mente tem, dentro de si, todo o Universo como esse grão de areia. É infinita, mágina, sobrenatural. É divina.
A sapiência e o conhecimento parecem ser mais importantes do que o instinto... deveriam sê-lo? Uma tartaruga pode viver mais de 100 anos dependendo apenas de seu instinto. Já o homem, mata milhares, usando sua inteligência e conhecimento. Bom... inteligência, não. Conhecimento, talvez.
Continuo andando, vejo outra nuvem se aproximando da primeira. Enfim, uma companhia! Aproximam-se cada vez mais, até formarem uma só nuvem, numa comunhão que homens e mulheres não conseguem ter entre si.
Ao longe, a caverna. Vejo um vulto passando lá dentro, tudo estava muito escuro. Fico com medo. O suor desce pelo meu rosto e minhas pernas ficam bambas. O que será aquilo?
Fico distante... observo atentamente. Um frio percorre minha espinha. Medo... medo...
De repente, algo começa a ficar visível: uma ursa carrega seu filhote para fora da caverna. Ela o coloca no chão, lambe-o, mas ele parece não reagir. O que será que lhe poderia ter acontecido?
Ficou por lá durante alguns minutos... ou horas... nem sei quanto tempo se passou... deu, então, um rugido que mais pareceu um choro, e que fez toda a floresta se silenciar em reverência. Virou as costas e voltou à caverna.
Criei coragem e me aproximei... o ursinho tinha todos os músculos do corpo duros como pedra. Um sentimento de perda inundou meu coração e fez-me voltar alguns passos. Olhei para a cena e chorei... chorei copiosamente.
Em prantos, senti uma mão tocar meu ombro. Olho para trás e vejo o profeta, que me olhava com um misto de compaixão e alívio. Fez um sinal positivo com a cabeça, fazendo com que eu pudesse entender tudo aquilo. Olho para frente, e o corpo do ursinho havia sumido... olho para trás, e o profeta não estava mais lá.
- Darini
Abaixo, segue um conto (sem título) de meu Liber Mortis:
O profeta olhou no fundo dos meus olhos, deu um suspiro e começou a chorar copiosamente. Cada lágrima derrubada por ele era como se uma lança acertasse meu coração. Ele parecia saber dos males que eu causava.
Procurei afastar-me por um tempo, fui para o alto da colina e meditei... estranhas imagens oníricas se mostravam em minha mente: pessoas que passaram por minha vida reapareciam... tudo de uma forma tão confusa...
Deitei, dormi, sonhei, sofri e acordei. Voltei e não mais encontrei o profeta. Onde será que ele se escondeu? Por que fez isso comigo?
Fui em diração à floresta, onde pude sentir a energia dos galhos e folhas balançando ao vento, assim como aquela vinda do canto dos pássaros e pureza do rio.
Continuei andando, seguindo a trilha que levava à caverna. No meio do caminho havia uma bifurcação que daria ao vilarejo. Preferi a primeira opção.
Olhei para o céu e vi uma solitária nuvem passeando feliz pelo azul... formosa nuvem, ofuscava até o Sol! Beleza passeando pelo infinito.
Infinito? Quem disse? Quem prova que todo o Universo não é um grão de areia, parte de um mundo muito maior? Intrigante como o homem tenta entender o universo, mas não consegue compreender a si mesmo.
A mente tem, dentro de si, todo o Universo como esse grão de areia. É infinita, mágina, sobrenatural. É divina.
A sapiência e o conhecimento parecem ser mais importantes do que o instinto... deveriam sê-lo? Uma tartaruga pode viver mais de 100 anos dependendo apenas de seu instinto. Já o homem, mata milhares, usando sua inteligência e conhecimento. Bom... inteligência, não. Conhecimento, talvez.
Continuo andando, vejo outra nuvem se aproximando da primeira. Enfim, uma companhia! Aproximam-se cada vez mais, até formarem uma só nuvem, numa comunhão que homens e mulheres não conseguem ter entre si.
Ao longe, a caverna. Vejo um vulto passando lá dentro, tudo estava muito escuro. Fico com medo. O suor desce pelo meu rosto e minhas pernas ficam bambas. O que será aquilo?
Fico distante... observo atentamente. Um frio percorre minha espinha. Medo... medo...
De repente, algo começa a ficar visível: uma ursa carrega seu filhote para fora da caverna. Ela o coloca no chão, lambe-o, mas ele parece não reagir. O que será que lhe poderia ter acontecido?
Ficou por lá durante alguns minutos... ou horas... nem sei quanto tempo se passou... deu, então, um rugido que mais pareceu um choro, e que fez toda a floresta se silenciar em reverência. Virou as costas e voltou à caverna.
Criei coragem e me aproximei... o ursinho tinha todos os músculos do corpo duros como pedra. Um sentimento de perda inundou meu coração e fez-me voltar alguns passos. Olhei para a cena e chorei... chorei copiosamente.
Em prantos, senti uma mão tocar meu ombro. Olho para trás e vejo o profeta, que me olhava com um misto de compaixão e alívio. Fez um sinal positivo com a cabeça, fazendo com que eu pudesse entender tudo aquilo. Olho para frente, e o corpo do ursinho havia sumido... olho para trás, e o profeta não estava mais lá.
- Darini
domingo, 13 de setembro de 2009
Livros de Minha Autoria (por enquanto)
***
Independentemente, publiquei meus escritos pelo Clube de Autores. A quem interessar, o endereço é esse:
http://clubedeautores.com.br/search?qt=&qa=rodrigo+darini+valente&q=&commit=Buscar
Abaixo, segue um pouco do que é cada um:
Liber Mortis: Trata-se de 27 contos que fazem refletir sobre os aspectos da morte, e, consequentemente, sobre a vida. Embora seja um tema mórbido e evitado por muitas pessoas, vem balancear a atual onda do “tudo azul” que muitos livros retratam (autoajuda, manual do pai, manual da mãe etc.). É uma obra, considero, para REFLEXÃO.
Miscelâneas Linguísticas: Esta é uma obra para quem gosta de estudar a Língua, seus aspectos, mudanças e fenômenos. Principais assuntos abordados:
a) Morfemas (Raízes e Afixos), com os quais faz um pequeno trabalho de Morfologia comparativa. Para isso, usa exemplos de textos antigos como Beowulf, A Canção dos Nibelungos, o Evangelho de São Mateus em Gótico etc. Também apresenta essas Raízes em palavras do dia-a-dia, desde as sacras {hag} até as profanas {boc} e {car}.
b) O Português Arcaico, em que mostra as principais mudanças da Língua Portuguesa desde o século XI até hoje.
c) O Latim - algumas informações sobre esse idioma também são apresentados, incluindo o "Appendix Probi", que foi uma das primeiras gramáticas escritas.
d) Análise da "Canção dos Nibelungos", que foi o primeiro documento escrito "em Alemão".
e) Demais análises Linguísticas, num vocabulário de fácil entendimento e acessível a todos os públicos.
A Vela Sacra: Luca, um garoto de nossa dimensão, é levado por Gimmos, representante de um mundo mágico e perigoso, para encontrar a Vela Sacra, um objeto divino que trará paz àqueles reinos. A missão não é tão fácil, pois ainda têm de enfrentar as artimanhas de Zhark, um poderoso demônio que também almeja a posse de tal item. Após lutas, dragões, elfos e magias, o leitor encontra um final, no mínimo, surpreendente.
Se você é um editor que deseja publicar algum deles ou é um empresário querendo patrocinar, contate-me! ;)
- Darini
Independentemente, publiquei meus escritos pelo Clube de Autores. A quem interessar, o endereço é esse:
http://clubedeautores.com.br/search?qt=&qa=rodrigo+darini+valente&q=&commit=Buscar
Abaixo, segue um pouco do que é cada um:
Liber Mortis: Trata-se de 27 contos que fazem refletir sobre os aspectos da morte, e, consequentemente, sobre a vida. Embora seja um tema mórbido e evitado por muitas pessoas, vem balancear a atual onda do “tudo azul” que muitos livros retratam (autoajuda, manual do pai, manual da mãe etc.). É uma obra, considero, para REFLEXÃO.
Miscelâneas Linguísticas: Esta é uma obra para quem gosta de estudar a Língua, seus aspectos, mudanças e fenômenos. Principais assuntos abordados:
a) Morfemas (Raízes e Afixos), com os quais faz um pequeno trabalho de Morfologia comparativa. Para isso, usa exemplos de textos antigos como Beowulf, A Canção dos Nibelungos, o Evangelho de São Mateus em Gótico etc. Também apresenta essas Raízes em palavras do dia-a-dia, desde as sacras {hag} até as profanas {boc} e {car}.
b) O Português Arcaico, em que mostra as principais mudanças da Língua Portuguesa desde o século XI até hoje.
c) O Latim - algumas informações sobre esse idioma também são apresentados, incluindo o "Appendix Probi", que foi uma das primeiras gramáticas escritas.
d) Análise da "Canção dos Nibelungos", que foi o primeiro documento escrito "em Alemão".
e) Demais análises Linguísticas, num vocabulário de fácil entendimento e acessível a todos os públicos.
A Vela Sacra: Luca, um garoto de nossa dimensão, é levado por Gimmos, representante de um mundo mágico e perigoso, para encontrar a Vela Sacra, um objeto divino que trará paz àqueles reinos. A missão não é tão fácil, pois ainda têm de enfrentar as artimanhas de Zhark, um poderoso demônio que também almeja a posse de tal item. Após lutas, dragões, elfos e magias, o leitor encontra um final, no mínimo, surpreendente.
Se você é um editor que deseja publicar algum deles ou é um empresário querendo patrocinar, contate-me! ;)
- Darini
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Aluno - ser sem luz?
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Já começo desmistificando a lenda: NÃO! Aluno não significa "(ser) sem luz". Na verdade, nada tem a ver com luz, luminosidade ou termo equivalente. Resolvi fazer este pequeno artigo referente ao assunto, após ver uma meia-dúzia de páginas "especializadas em educação" dizendo que aluno tem o significado já mencionado acima, pois seria composto pelo Prefixo {a} = não e pela Raiz {lun} = luz. Pensando dessa forma, essa gente defende a abominação da palavra, substituindo-a pela "estudante", pois "aluno" é "carregada de preconceito, pois mostra a inferioridade do discípulo em relação ao Professor e blábláblá...".
Esse pessoal deveria estudar um pouco de língua, antes de escrever tanta bobagem. Triste é ver que são estudiosos com títulos de "mestres" e "doutores" (sim, esses que as faculdades adoram ressaltar e mencionar em suas propagandas) que escrevem tais abobrinhas. Pior: muitos leem, seguem e acreditam numa teoria falsa e demagógica, como tantas outras que lemos e somos obrigados a engolir. Mas vamos lá:
De acordo com Goés (1921), pode-se ver que a Raiz {al} significa "aumento, crescimento, nutrição. Alumno, segundo ele, significa criança de mama; depois, "o que é criado ou nutrido". É a mesma raiz das palavras alto, alimentar e seus derivados.
Köbler, por sua vez, apresenta-nos a Raiz Indoeuropeia *{al}, significando alimentar, crescer. Foi ela que originou a {al} do Latim, presente em altus e alumnus. No Gótico, está presente em *alda, que originou alt (velho, idade) e Eltern (pais) no Alemão moderno. Até podemos considerar, quem diria, que Eltern, literalmente, significa "velhos" naquela língua (bem como a gíria no Português Brasileiro).
Esta análise mostra que se trata de uma Raiz exclusivamente LATINA, que nada tem de Grego. Tanto que, neste idioma, a palavra aluno é σπουδαστής, algo como "spondastiz", se transliterado ao alfabeto Latino. Onde estaria a Raiz {a}? E a Raiz {lum}? Alumnus seria αλυμνυς e alumno seria αλυμνo, mas essas duas formas não existem no Grego, o que faz cair por terra a teoria pedagógica: como uma palavra Grega não existiria no próprio Grego? E, aqui, não falo de valor semântico, que pode mudar de um idioma para o outro, mas da não-existência da palavra no léxico do idioma (Por exemplo: no Brasil, usamos a palavra inglesa outdoor para os letreiros de propaganda, mas, em inglês, usa-se billboard).
Em suma: em aluno, encontramos, ao contrário do que muitos doutores de teorias furadas defendem, um sentido metafórico e até poético. O conhecimento que a escola lhe dá (ou deveria dar) alimenta-o intelectualmente, fazendo-o crescer. A comparação com o alimento orgânico foi realmente genial.
Esta pequena crítica mostra o quão importante é ensinar LÍNGUA nas faculdades, ao contrário do que se tem feito. O Professor precisa, SIM, saber a chamada (e endemoniada) Gramática Padrão, Norma Culta ou seja lá como a denominam. Ele não precisa encher seus ALUNOS de regras e nomes estranhos, mas deve conhecê-los para que não saia dizendo besteira em teorias furadas. Deixemos Paulo Freire um pouco de lado e estudemos Napoleão Mendes de Almeida, Alcebíades Fernandes Jr. e Celso Cunha. Não vai fazer mal.
Certo, doutores?
- Darini
==== Bibliografia: ====
GÓES, Carlos. Diccionario de Raizes e Cognatos da Lingua Portugueza. 1ª ed. Belo Horizonte: Imprensa Official do Estado de Minas Geraes, 1921. 359 pág.
KÖBLER, Gerhard. Indogermanisches Wörterbuch. Disponível em http://www.koeblergerhard.de.
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Já começo desmistificando a lenda: NÃO! Aluno não significa "(ser) sem luz". Na verdade, nada tem a ver com luz, luminosidade ou termo equivalente. Resolvi fazer este pequeno artigo referente ao assunto, após ver uma meia-dúzia de páginas "especializadas em educação" dizendo que aluno tem o significado já mencionado acima, pois seria composto pelo Prefixo {a} = não e pela Raiz {lun} = luz. Pensando dessa forma, essa gente defende a abominação da palavra, substituindo-a pela "estudante", pois "aluno" é "carregada de preconceito, pois mostra a inferioridade do discípulo em relação ao Professor e blábláblá...".
Esse pessoal deveria estudar um pouco de língua, antes de escrever tanta bobagem. Triste é ver que são estudiosos com títulos de "mestres" e "doutores" (sim, esses que as faculdades adoram ressaltar e mencionar em suas propagandas) que escrevem tais abobrinhas. Pior: muitos leem, seguem e acreditam numa teoria falsa e demagógica, como tantas outras que lemos e somos obrigados a engolir. Mas vamos lá:
De acordo com Goés (1921), pode-se ver que a Raiz {al} significa "aumento, crescimento, nutrição. Alumno, segundo ele, significa criança de mama; depois, "o que é criado ou nutrido". É a mesma raiz das palavras alto, alimentar e seus derivados.
Köbler, por sua vez, apresenta-nos a Raiz Indoeuropeia *{al}, significando alimentar, crescer. Foi ela que originou a {al} do Latim, presente em altus e alumnus. No Gótico, está presente em *alda, que originou alt (velho, idade) e Eltern (pais) no Alemão moderno. Até podemos considerar, quem diria, que Eltern, literalmente, significa "velhos" naquela língua (bem como a gíria no Português Brasileiro).
Esta análise mostra que se trata de uma Raiz exclusivamente LATINA, que nada tem de Grego. Tanto que, neste idioma, a palavra aluno é σπουδαστής, algo como "spondastiz", se transliterado ao alfabeto Latino. Onde estaria a Raiz {a}? E a Raiz {lum}? Alumnus seria αλυμνυς e alumno seria αλυμνo, mas essas duas formas não existem no Grego, o que faz cair por terra a teoria pedagógica: como uma palavra Grega não existiria no próprio Grego? E, aqui, não falo de valor semântico, que pode mudar de um idioma para o outro, mas da não-existência da palavra no léxico do idioma (Por exemplo: no Brasil, usamos a palavra inglesa outdoor para os letreiros de propaganda, mas, em inglês, usa-se billboard).
Em suma: em aluno, encontramos, ao contrário do que muitos doutores de teorias furadas defendem, um sentido metafórico e até poético. O conhecimento que a escola lhe dá (ou deveria dar) alimenta-o intelectualmente, fazendo-o crescer. A comparação com o alimento orgânico foi realmente genial.
Esta pequena crítica mostra o quão importante é ensinar LÍNGUA nas faculdades, ao contrário do que se tem feito. O Professor precisa, SIM, saber a chamada (e endemoniada) Gramática Padrão, Norma Culta ou seja lá como a denominam. Ele não precisa encher seus ALUNOS de regras e nomes estranhos, mas deve conhecê-los para que não saia dizendo besteira em teorias furadas. Deixemos Paulo Freire um pouco de lado e estudemos Napoleão Mendes de Almeida, Alcebíades Fernandes Jr. e Celso Cunha. Não vai fazer mal.
Certo, doutores?
- Darini
==== Bibliografia: ====
GÓES, Carlos. Diccionario de Raizes e Cognatos da Lingua Portugueza. 1ª ed. Belo Horizonte: Imprensa Official do Estado de Minas Geraes, 1921. 359 pág.
KÖBLER, Gerhard. Indogermanisches Wörterbuch. Disponível em http://www.koeblergerhard.de.
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