terça-feira, 10 de março de 2009

Latim

****************

Antes de falarmos sobre o latim, eis alguns dados cronológicos para nos situarmos no tempo:

Fundação de Roma - Marco inicial: 753 A.C.
Realeza: Origens até 509 A.C.
República: de 509 A.C. a 27 A.C.
Império: de 27 A.C. a 476 D.C.

O “nascimento” de Roma, pela lenda de Rômulo e Remo, tem um caráter mais mítico do que histórico, mas considera-se a data de 753 a.C. como a fundação da cidade. Até o século VIII a.C., Roma foi habitada por camponeses vindos de Alba Longa, a pátria dos ancestrais de Rômulo, segundo diz a lenda. Depois, houve o estabelecimento de sabinos e etruscos.

Não há muita documentação relativa aos primeiros séculos de Roma. Documentos históricos muito posteriores a essa data dão uma visão controversa e confusa de um período marcado por guerras e revoltas. Nesse tempo, Roma era apenas uma pequena cidade, entre as muitas que formavam a Liga Latina. Considera-se o marco inicial da literatura latina a tradução da Odisséia, feita por Lívio Andronico, por volta de 240 a.C.

O período de República em Roma (509-27 a.C.) funcionava da seguinte forma: no lugar do rei, o conjunto da cidadania elegia anualmente dois cônsules. O descontentamento da plebe para com esse regime originou uma violenta luta, pois apenas os chamados patrícios, isto é, cidadãos abastados, poderiam concorrer à magistratura.

A literatura Latina teve seu ápice durante o chamado período ciceroniano (70-43 a.C.), representado por César, Cícero, Terêncio, Catulo e Lucrécio.

O fortalecimento de Roma, militarmente, se deu após a invasão gaulsesa, ocorrida por volta de 390 a.C., que então deixou Roma destruída. Cientes de sua vulnerabilidade e fraqueza, a cidade procurou se preparar para futuras investidas. A partir daí, veio a marcha expansionista, com suas primeiras conquistas sendo sobre os samnitas (341, 326 e 304 a.C.) da Itália meridional, e sobre Tarento (272 a.C.), um centro cultural grego ao sul da Península Itálica.

A expansão territorial trouxe consigo a expansão da língua de Roma, o Latim. De um simples dialeto (junto ao Umbro e o Osco), o Latim veio a se tornar uma língua de dominação, a língua oficial daquele que foi um dos maiores impérios que a humanidade já conheceu.

Vale lembrar que o Latim não era imposto pelos dominadores. O ensino da língua era incentivado pelos romanos através da construção de escolas, ao estilo romano, nos territórios conquistados. O incentivo também se dava pelo status que possuía aquele que falava a língua do império.

Latim Clássico x Latim Vulgar

Na história do Latim, houve uma divisão entre a forma erudita (clássica / literária), que era falada pelos escritores, nobres e pessoas cuja classe social e educação eram elevadas; e a forma vulgar, usada pelas pessoas mais simples. Esta segunda forma de Latim não era prioritariamente escrita, pois na hora de escrever, as pessoas procuravam fazê-lo de em Latim Clássico.

Hoje, é possível recuperar formas do Latim Vulgar através de gramáticas latinas que apontavam o modo normativo correto de escrever e o incorreto, geralmente popular. Na literatura, personagens incultos eram retratados com seu modo próprio de falar, fazendo com que mais uma fonte do “vulgarismo” seja conhecida.

Saindo da área literária, as diferentes formas escritas deixadas em outros tipos de materiais (metal, madeira etc) também podem nos indicar as diferentes formas de dialetação. E, por fim, empréstimos feitos do latim a línguas não-latinas também são uma fonte de conhecimento de alguns vocábulos do Latim Vulgar.

Características do Latim

- Ausência de acentos (grave, agudo, circunflexo)
- Não há artigos (o, a, um, uma)
- Não há palavras oxítonas
- Há 4 conjugações verbais
- Há 5 grupos de substantivos
- Apresenta 2 classes de adjetivos
- Apresenta 3 gêneros: masculino, feminino e neutro
- Dois números: singular e plural

Substantivos masculinos em Português, Italiano e Espanhol: frutos da 2ª declinação.

Vejamos a tabela de Substantivos da 2ª declinação:



SINGULAR

PLURAL

NOMIN

Us

Er

Ir

Um

I

I

I

A

VOCAT

E

Er

Ir

Um

I

I

I

A

GENIT

I

I

I

I

Orum

Orum

Orum

Orum

DATIVO

O

O

O

O

Is

Is

Is

Is

ABLAT

O

O

O

O

Is

Is

Is

Is

ACUSAT

Um

Um

Um

Um

Os

Os

Os

A


MASC

MASC

MASC

NEUTRO

MASC

MASC

MASC

NEUTRO

Podemos notar que os substantivos masculinos eram, no dativo e no ablativo singulares, terminados em “o”, e no acusativo plural, em “os”. Já o nominativo e vocativo plural eram terminados em “i”. Fazendo uma análise com o Português e Espanhol modernos, temos a maioria das palavras masculinas terminadas em “o”, e seu plural em “os”. Em italiano, o masculino singular é, em sua maioria, terminado em “o” e o plural é terminado em “i”.

O que temos, hoje, nessas línguas, nada mais é do que o resultado da dialetação do latim vulgar, que “facilitou” a regra original da “língua-mãe”, modificando-a de acordo com a necessidade dos distintos grupos de falantes.

- Darini

Bibliografia:

- ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Latina.
- Cardoso, Zélia de Almeida. A Literatura Latina.

Nenhum comentário: