sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Mr. Jones - Conto de Truman Capote

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Nas poucas páginas de “Mr. Jones” (um conto que se parece mais com uma crônica), o narrador relata o tempo em que viveu num quarto alugado no bairro do Brooklin. Ele foca a história em seu vizinho, Mr. Jones, que vivia no maior quarto da casa, e de onde o narrador via pessoas de todos os tipos e idades entrando e saindo, mas não sabia o que toda essa gente queria com ele. Cego e aleijado, Mr. Jones não saía de casa, e todas as suas necessidades de consumo eram supridas pelas empregadas daquele lugar. Fossem amigos ou pessoas que pagavam para ouvir seus conselhos, ele acredita que aquele homem era alguém entre um pastor e um terapeuta.

O tempo passou, o narrador muda-se de bairro e um dia volta para pegar alguns livros que deixara em seu quarto. Pergunta a uma das empregadas sobre Mr. Jones, e ela diz que está desaparecido há quase um mês, e que tudo em seu quarto estava intacto, mas ele não estava mais lá. Dez anos se passam, e o narrador está em Moscou, no metrô. Do outro lado do corredor, ele vê um homem que acredita sero antigo vizinho. Ele analisa a fisionomia, tendo certeza de que era ele. Mas, antes de poder atravessar o vagão e ir lhe falar, Mr. Jones levanta-se e sai do trem, tendo as portas fechadas logo atrás dele.

Considerando o período de tempo em que se passa a narrativa (1945-1955), Capote pode ter feito, neste conto, uma referência à guerra fria. Ele nos faz supor que Mr. Jones era, na verdade, um agente em ação nos EUA, assim como o narrador pode ser um agente em missão na então URSS, por isso a referência a estar em Moscou quando do reencontro.

Outro olhar que podemos ter sobre esse final misterioso e inesperado, é que Capote nos mostra que nem tudo aquilo a que somos condicionados a acreditar é verdade. Ao mesmo tempo, também nos remete à pequenez do mundo em que vivemos, e como podemos reencontrar tipos que fizeram parte do nosso passado quando menos esperamos. Esses inesperados reencontros nos fazem descobrir verdades que essas pessoas até então mantinham escondidas.



- Darini

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