quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Uso da Língua: Regras ou Mudanças?

***

Há uma verdadeira guerra (bem declarada, por sinal), entre Gramáticos e Lingüistas (estes que, em breve, perderão o trema de sua profissão) ao que se refere "uso da norma" ou "adaptação da língua ao falante".

Um lado (Lingüistas, primordialmente) defende que, como a língua muda, dever-se-ia adaptá-la ao modo de dizer popular. Portanto, as formas "
eu levo ele" e "eu o levo" estariam corretas. Outro lado, por sua vez (Gramáticos "tradicionais"), defende que devemos respeitar a chamada "norma culta" e que o falante é que deve se adaptar a ela.

O fato é: enquanto ambos os lados gastam energia discutindo questões nem sempre tão importantes sobre o estudo da Língua, não seria melhor achar um meio de se "mesclar" essas teorias, de forma a se melhorar o próprio processo de ensino e aprendizagem? Lendo algumas teorias, vemos estudiosos radicais criticando o radicalismo de seus argumentadores (por mais paradoxal que isso possa parecer); portanto, não seria hora de gastar todo esse tempo e energia numa causa em comum?

É sabido que a Língua Portuguesa (no caso), não nasceu pronta, de um dia para o outro. Houve todo um processo de mudanças conforme o tempo foi passando. Todavia, analisemos os seguintes aspectos:

- Celtiberos viviam na Península Ibérica e tinham sua(s) própria(s) Língua(s);
- Império Romano invade a Península, impondo seu Idioma (Latim VULGAR, pois o Latim Clássico era falado apenas nas altas classes de Roma);
- Povo subjulgado aprende, de sua forma, esse novo Idioma: existência do bilingüismo (mudanças no Latim por conta dos idiomas nativos);
- Influências múltiplas (invasão árabe etc) na Língua, conforme o tempo;
- etc.

Ou seja: a Língua mudou, sim, mas vemos que uma série de fatores históricos aconteceu para colaborar com isso. Quem ensinava o Latim na Península? De que forma se ensinava? Como era aprendido?

A essência disso tudo é o BILINGÜISMO. No que se refere ao Português (e a outros idiomas), a coexistência de dois idiomas numa sociedade foi fundamental para a mudança Lingüística. Havia pessoas sem formação nenhuma ensinando Língua para pessoas TAMBÉM sem formação nenhuma.

Muito pelo contrário, bem ou mal, nos dias atuais, temos um relativo acesso da população ao ensino, professores que, em tese, foram devidamente formadas para isso, mas, por outro lado, há muita teoria envolvendo a educação, e transformando-a num verdadeiro laboratório de "blá-blá-blá". Gente que nunca saiu detrás de suas mesas dá palpite e implanta políticas públicas de educação. E o professor...

Que venha uma nova invasão bilingüista!

- Darini

Nenhum comentário: