domingo, 31 de julho de 2011

Os cães não deixavam passar

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Naquele dia, os cães ladravam mais do que o normal
Chovia demais e os trovões torturavam os tímpanos de todas as criaturas
Do nada, todos começaram a correr... corriam, corriam...

Os cães pareciam liderar os demais grupos
Fugiam de quê? Nem eles sabiam
Mas os cães lideravam

Horas, muitas horas depois
Pareciam ter chegado a seu destino
Como não diferente, os cães decidiam quem deveria entrar

Muitos humanos ficaram de fora... para falar a verdade, a maioria deles
Cães, pobres cães, só podiam deixar entrar aqueles que tivessem a virtude
E os humanos não a tinham

Os ferozes leões a tinham
As venenosas cobras, aranhas e escorpiões também
Os elefantes, as capivaras e as raposas tinham, bem como seus primos lobos

Menos os humanos
Malditos, ficavam quase todos do lado de fora
Não ousavam entrar... não mesmo

Os cães é quem decidiam
Impediam, mesmo que fossem velhos inválidos, grávidas ou inocentes crianças
Os cães não deixavam

Os cães viam e sentiam
Por isso, se necessário fosse
Não os deixavam passar

Eles sentiam a virtude
Ou a falta dela
Quem merecia entrar entrava

Humano nenhum ousava burlar a regra
Pois, se o fizesse, era morte certa
Pois os cães não deixavam

A fila diminuía, ao passo que a procissão de humanos...
Ah, humanos malditos
Eles, os cães não deixavam passar

A procissão de humanos errantes aumentava
Iam pra todos os lados, exceto em linha reta
Pois os cães não os deixavam

A chuva caía... os trovões ficavam mais fortes... mais tenebrosos
E os humanos... erravam por itinerários errantes
Será que passarei? Será que passarei?

Os cães... ah, os cães...
Livravam-se de seu câncer
Os cães não deixavam passar...

- Darini

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