quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Cantão e Carminha - O Velório

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Cantão e Carminha - O casal sem noção

- O Velório



Carminha: Nossa, Cantão... quem diria que o Seu coiso lá fosse morrer, né? Que tristeza...

Cantão: Verdade. Mas olha lá, Carminha... olha a filha da Valéria... como tá gorda, parece uma bola!

Carminha: Também, não faz nada da vida. Deve comer e dormir o dia inteiro.

Cantão: E a noite inteira também! Falando em comer, bem que eles podiam ter comprado alguma coisa pros convidados. Já são 3 horas de velório, e não serviram nem mesmo um café.

Viúva do Seu coiso lá: Seu Cantão, Carminha! Muito obrigada por comparecerem neste momento de dor.

Cantão: Do que seu marido morreu, Dona?

Viúva do Seu coiso lá: Foi um chá de cogumelo.

Carminha: Chá de cogumelo? Nem sabia que isso matava.

Viúva do Seu coiso lá: Quando você tá junto do cogumelo, mata sim!

Cantão: O quê? Ele era um cogumelo?

Viúva: Ele trabalhava na fábrica de chá de cogumelos. Então, quando foi carregar a trituradora, ele perdeu o equilíbrio e foi junto.

Cantão: Ai, que tristeza, dona... mas diga, ele tá todinho aí no caixão, ou chegaram a beber um pouco dele?

Viúva do Seu coiso lá: Buááááááááááááááááááá!! Beberam meu ma-ma-ma-ma-mariidooo!! Buááááááááá!!

Carminha: Pôxa, Cantão... não fala essas coisas pra viúva do Seu coiso lá, né?

Cantão: E eu tenho culpa, Carminha? E tem mais: sabe por que o Seu coiso lá caiu na trituradora?

Carminha: Não... o que foi?

Cantão: Por causa de CACHAÇA! Era um pudim de pinga!

Viúva do Seu coiso lá: Por favor, Seu Cantão! Respeite o falecido defunto já morto!

Carminha: Desculpa, dona, mas o Cantão tem razão. Passávamos noites sem dormir, porque vocês viviam brigando. Ele chegava muito do doidão em casa, e vocês quebravam o pau!

Filha da Valéria: Por favor... queiram se comportar!

Cantão: Vááááá te catar, sua popótama!

Filha da Valéria: Buáááááááááááá! Me chamou de hipopótama!

Padre: Não! Ele disse "popótama".

Filha da Valéria: Buááááááááá! Me chamou de popótama!

Padre: Bom... silêncio! Creio que podemos começar nossa oração. Irmãos, estamos aqui reunidos para celebrar a passagem do Seu coiso lá, que, tendo cumprido sua missão...

Cantão: Seu Padre, ele não cumpriu a missão, não!

Viúva do Seu coiso lá: Por favor, Cantão!

Cantão: Verdade! Ele nem terminou de carregar a trituradora! Morreu e deixou serviço pros outros!

Padre: Buáááááááááááá!

Cantão: Padre, Padre... vocês têm que aprender que não se torna santo por causa da morte.

Padre: Quando eu digo que ele cumpriu sua missão, Cantão, eu quero dizer que ele foi um bom pai, um bom marido... é isso!

Cantão: Ah, Padre... o senhor realmente não conhecia o Seu coiso lá. Como ele pode ter sido um bom pai, se colocou no mundo aquele vagabundo do filho dele?

Filho do Seu coiso lá: Buáááááááááá! Me chamou de vagabundo, mãe!

Viúva do Seu coiso lá: Que desaforo! Com que propriedade você diz isso, Seu Cantão?

Cantão: Ué... com a propriedade que me é defirida!

Carminha: É propriedade defErida, Cantão! Escreve-se com "E"!

Cantão: Ah, Carminha... você não sabe das coisas, então fica quieta aí.

********* Horas de discussão depois... *********

Carminha: Pôxa, Padre, não precisava amarrar e amordaçar o Cantão! Olha só o coitadinho, ficou até azul!

Padre: Só assim pra ele ficar quieto, não? Mas, continuando: estamos aqui reunidos para... espera! Cadê o defunto? Quem tirou o caixão daqui?

Seu coiso lá (ao longe): Fui eu, seu Padre! Cansei de esperar, e tô indo a pé pro túmulo!

- Darini

2 comentários:

Anônimo disse...

Huahuahuahauhauhaua!!! Caraio Dadá, ri muito aqui! Muito legal essa historinha!

Att. Giga.

Edward disse...

Começou bem, Dadá.
Continue assim!
Sugestão: encontro dos dois com políticos, passeio na praia cheia de lixo do Rio, primeira viagem de avião, primeira viagem de navio, limpeza do vaso sanitário entupido com um barro seco porque alguém não deu a descarga, etc.