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Deixando de lado a feiura das fotos (parecem terem sido tiradas de um circo de horrores), e a data da edição (01/04/2010), a Folha parece ter cometido um engano na pontuação de sua manchete principal. Se você não conseguir visualizar, lá consta:
Serra critica roubalheira, e Dilma, viúvos da estagnação.
Caso se tratasse de uma Oração Adverbial Causal ou Consecutiva, o uso da vírgula antes do "e" até seria admissível. Tal fato aconteceria, se o discurso de Dilma fosse uma resposta ao de Serra, fazendo com que este, antes, criticasse a roubalheira, e ela, em resposta, criticasse os viúvos.
Entretanto, não é isso que parece ser. Pela manchete (não li a reportagem), parece que se tratam de dois discursos independentes com críticas a seus adversários, o que faz com que as duas Orações do período sejam:
Oração Principal: Serra critica roubalheira.
Oração Coordenada Sindética Aditiva: Dilma (critica) viúvos da estagnação.
Há um verbo elíptico na segunda Oração, e é justamente por isso que a segunda vírgula está empregada (nesse caso, corretamente). O redator, ao colocar "... Dilma, viúvos da estagnação", nada mais faz do que substituir o verbo "critica" pela vírgula, evitando, assim, a repetição no texto. Segundo a análise Dialética, creio que o Período ficaria assim:
Serra critica roubalheira e Dilma, viúvos da estagnação.
Causa um pouco de estranheza, não? À primeira vista, podemos pensar que Serra critica a roubalheira E a Dilma, o que não é verdade (nesse contexto). A vírgula após a Palavra "roubalheira" parece querer eliminar o duplo sentido do texto. Entretanto, uma vez que não seria necessário colocar a vírgula para indicar o início da OCS Aditiva, creio que a melhor solução seria:
Serra critica roubalheira e, Dilma, viúvos da estagnação.
Pronto. Apenas desloquei-a uma palavra adiante, mantendo a lógica da estrutura.
- Darini