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Abaixo, segue um conto (sem título) de meu Liber Mortis:
O profeta olhou no fundo dos meus olhos, deu um suspiro e começou a chorar copiosamente. Cada lágrima derrubada por ele era como se uma lança acertasse meu coração. Ele parecia saber dos males que eu causava.
Procurei afastar-me por um tempo, fui para o alto da colina e meditei... estranhas imagens oníricas se mostravam em minha mente: pessoas que passaram por minha vida reapareciam... tudo de uma forma tão confusa...
Deitei, dormi, sonhei, sofri e acordei. Voltei e não mais encontrei o profeta. Onde será que ele se escondeu? Por que fez isso comigo?
Fui em diração à floresta, onde pude sentir a energia dos galhos e folhas balançando ao vento, assim como aquela vinda do canto dos pássaros e pureza do rio.
Continuei andando, seguindo a trilha que levava à caverna. No meio do caminho havia uma bifurcação que daria ao vilarejo. Preferi a primeira opção.
Olhei para o céu e vi uma solitária nuvem passeando feliz pelo azul... formosa nuvem, ofuscava até o Sol! Beleza passeando pelo infinito.
Infinito? Quem disse? Quem prova que todo o Universo não é um grão de areia, parte de um mundo muito maior? Intrigante como o homem tenta entender o universo, mas não consegue compreender a si mesmo.
A mente tem, dentro de si, todo o Universo como esse grão de areia. É infinita, mágina, sobrenatural. É divina.
A sapiência e o conhecimento parecem ser mais importantes do que o instinto... deveriam sê-lo? Uma tartaruga pode viver mais de 100 anos dependendo apenas de seu instinto. Já o homem, mata milhares, usando sua inteligência e conhecimento. Bom... inteligência, não. Conhecimento, talvez.
Continuo andando, vejo outra nuvem se aproximando da primeira. Enfim, uma companhia! Aproximam-se cada vez mais, até formarem uma só nuvem, numa comunhão que homens e mulheres não conseguem ter entre si.
Ao longe, a caverna. Vejo um vulto passando lá dentro, tudo estava muito escuro. Fico com medo. O suor desce pelo meu rosto e minhas pernas ficam bambas. O que será aquilo?
Fico distante... observo atentamente. Um frio percorre minha espinha. Medo... medo...
De repente, algo começa a ficar visível: uma ursa carrega seu filhote para fora da caverna. Ela o coloca no chão, lambe-o, mas ele parece não reagir. O que será que lhe poderia ter acontecido?
Ficou por lá durante alguns minutos... ou horas... nem sei quanto tempo se passou... deu, então, um rugido que mais pareceu um choro, e que fez toda a floresta se silenciar em reverência. Virou as costas e voltou à caverna.
Criei coragem e me aproximei... o ursinho tinha todos os músculos do corpo duros como pedra. Um sentimento de perda inundou meu coração e fez-me voltar alguns passos. Olhei para a cena e chorei... chorei copiosamente.
Em prantos, senti uma mão tocar meu ombro. Olho para trás e vejo o profeta, que me olhava com um misto de compaixão e alívio. Fez um sinal positivo com a cabeça, fazendo com que eu pudesse entender tudo aquilo. Olho para frente, e o corpo do ursinho havia sumido... olho para trás, e o profeta não estava mais lá.
- Darini
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