domingo, 20 de setembro de 2009

Um conto de meu "Liber Mortis"

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Abaixo, segue um conto (sem título) de meu Liber Mortis:

O profeta olhou no fundo dos meus olhos,‭ ‬deu um suspiro e começou a chorar copiosamente.‭ ‬Cada lágrima derrubada por ele era como se uma lança acertasse meu coração.‭ ‬Ele parecia saber dos males que eu causava.‭

Procurei afastar-me por um tempo,‭ ‬fui para o alto da colina e meditei...‭ ‬estranhas imagens oníricas se mostravam em minha mente:‭ ‬pessoas que passaram por minha vida reapareciam...‭ ‬tudo de uma forma tão confusa...

Deitei,‭ ‬dormi,‭ ‬sonhei,‭ ‬sofri e acordei.‭ ‬Voltei e não mais encontrei o profeta.‭ ‬Onde será que ele se escondeu‭? ‬Por que fez isso comigo‭?
Fui em diração à floresta,‭ ‬onde pude sentir a energia dos galhos e folhas balançando ao vento,‭ ‬assim como aquela vinda do canto dos pássaros e pureza do rio.

Continuei andando,‭ ‬seguindo a trilha que levava à caverna.‭ ‬No meio do caminho havia uma bifurcação que daria ao vilarejo.‭ ‬Preferi a primeira opção.

Olhei para o céu e vi uma solitária nuvem passeando feliz pelo azul...‭ ‬formosa nuvem,‭ ‬ofuscava até o Sol‭! ‬Beleza passeando pelo infinito.

Infinito‭? ‬Quem disse‭? ‬Quem prova que todo o Universo não é um grão de areia,‭ ‬parte de um mundo muito maior‭? ‬Intrigante como o homem tenta entender o universo,‭ ‬mas não consegue compreender a si mesmo.
A mente tem,‭ ‬dentro de si,‭ ‬todo o Universo como esse grão de areia.‭ ‬É infinita,‭ ‬mágina,‭ ‬sobrenatural.‭ ‬É divina.

A sapiência e o conhecimento parecem ser mais importantes do que o instinto...‭ ‬deveriam sê-lo‭? ‬Uma tartaruga pode viver mais de‭ ‬100‭ ‬anos dependendo apenas de seu instinto.‭ ‬Já o homem,‭ ‬mata milhares,‭ ‬usando sua inteligência e conhecimento.‭ ‬Bom...‭ ‬inteligência,‭ ‬não.‭ ‬Conhecimento,‭ ‬talvez.

Continuo andando,‭ ‬vejo outra nuvem se aproximando da primeira.‭ ‬Enfim,‭ ‬uma companhia‭! ‬Aproximam-se cada vez mais,‭ ‬até formarem uma só nuvem,‭ ‬numa comunhão que homens e mulheres não conseguem ter entre si.

Ao longe,‭ ‬a caverna.‭ ‬Vejo um vulto passando lá dentro,‭ ‬tudo estava muito escuro.‭ ‬Fico com medo.‭ ‬O suor desce pelo meu rosto e minhas pernas ficam bambas.‭ ‬O que será aquilo‭?

Fico distante...‭ ‬observo atentamente.‭ ‬Um frio percorre minha espinha.‭ ‬Medo...‭ ‬medo...

De repente,‭ ‬algo começa a ficar visível:‭ ‬uma ursa carrega seu filhote para fora da caverna.‭ ‬Ela o coloca no chão,‭ ‬lambe-o,‭ ‬mas ele parece não reagir.‭ ‬O que será que lhe poderia ter acontecido‭?

Ficou por lá durante alguns minutos...‭ ‬ou horas...‭ ‬nem sei quanto tempo se passou...‭ ‬deu,‭ ‬então,‭ ‬um rugido que mais pareceu um choro,‭ ‬e que fez toda a floresta se silenciar em reverência.‭ ‬Virou as costas e voltou à caverna.

Criei coragem e me aproximei...‭ ‬o ursinho tinha todos os músculos do corpo duros como pedra.‭ ‬Um sentimento de perda inundou meu coração e fez-me voltar alguns passos.‭ ‬Olhei para a cena e chorei...‭ ‬chorei copiosamente.

Em prantos,‭ ‬senti uma mão tocar meu ombro.‭ ‬Olho para trás e vejo o profeta,‭ ‬que me olhava com um misto de compaixão e alívio.‭ ‬Fez um sinal positivo com a cabeça,‭ ‬fazendo com que eu‭ ‬pudesse entender tudo aquilo.‭ ‬Olho para frente,‭ ‬e o corpo do ursinho havia sumido...‭ ‬olho para trás,‭ ‬e o profeta não estava mais lá.

- Darini

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